Ativista indígena e guardiã da cultura Krenak, Shirley Krenak percorre e segue o fluxo do rio Doce até seu encontro com o mar. Através de sons e imagens gravadas na Terra Indígena Krenak e na Mata Atlântica – um bioma sob perigo de destruição – a artista cria uma experiência ecopoética na qual evoca a memória ancestral para interagir com paisagens naturais e urbanas por meio de cantos, danças, ritos espirituais e performances.
“Sons que Curam” é uma instalação audiovisual inspirada nas experiências de Shirley com a sonoridade Krenak ao longo de muitos anos. Os Krenak, ou Borum, são um povo indígena que vive na região do médio rio Doce, em Minas Gerais. Para eles, a Terra é um ser vivo que deve ser tratado com respeito e reverência. Os cantos têm como temática central a biodiversidade e a instalação carrega a proposta de promover uma reeducação da escuta, acreditando que via os sons e o canto Krenak ecoam também os movimentos da terra, das águas, dos minerais, dos vegetais e da pluralidade de vidas que nos cercam. É isso que fazem os Borum, quando dançam seus sons, pois é através da escuta que sintonizam corpo e espírito.
Shirley busca despertar a sensibilidade para aspectos da relação entre o humano e a Mãe Terra em um planeta ferido. Ela nos ensina que deixamos de apreciar nossa origem ancestral, deixamos de escutar a Mãe Terra para desprezá-la e usurpá-la. O impacto humano planetário sobre o solo terrestre é abordado como um convite à cura. Em 2015, o rompimento de uma barragem de rejeitos de minério destruiu o rio Doce e devastou diversas cidades do estado de Minas Gerais e o Território Krenak. Diante do assombro de paisagens em ruínas, do desaparecimento da fauna e da flora e de novas perturbações ambientais, a artista mergulha nas feridas desse trauma para refletir sobre um caminho para a regeneração e o cuidado ecológico.
O público é convidado a uma viagem no tempo e no fluxo do rio, através da sonoridade e do tecer de uma paisagem sonora. Desde as águas puras e cristalinas, passando pelas águas contaminadas pela tragédia do rompimento da barragem, que despejou milhares de toneladas de lama tóxica no rio Doce até a foz, até chegar ao mar, onde toda a vida nasce e retorna.
Onde: Eixo Monumental Oeste, Zona Cívico
Administrativa, Praça do Buriti, Em frente ao Memorial JK
Quando: de 30 de agosto a 02 de setembro, de quinta a sábado. Sessões às 19h, 20h e 21h.
Entrada franca e classificação livre
A entrada é franca.
Classificação: Livre
Ativista indígena, artista e guardiã da cultura Krenak. Shirley Djukurnã Krenak pertence ao povo indígena Krenak do leste do estado de Minas Gerais. É uma liderança, mulher e nativa da terra brasilis. A artista tem dedicado sua vida a preservar a cultura e a ancestralidade do povo Krenak e tem cada vez mais expressado a dimensão política da conservação e proteção dos biomas na sua manifestação artística.
Desde seus 13 anos de idade ela responde ao chamado da Mãe-Terra para ser uma representante dos direitos indígenas e, principalmente, lutar pela preservação do meio-ambiente e da espiritualidade ancestral. Hoje, aos 40 anos, se dedica em corpo e alma à luta das mulheres indígenas, algo herdado desde seu nome tradicional, Djukurnã: mulher sempre disposta, pois é portadora do espírito que nunca envelhece. Shirley é irmã de Geovani Krenak e Douglas Krenak. Atualmente, ela desenvolve diversos projetos educacionais e de fomento à cultura indígena, sendo autora dos livros “A onça protetora” e “Krenak ererré”.
Shirley Krenak é co-fundadora da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA) e coordena o Instituto Shirley Djukurnã Krenak, no qual realiza projetos educativos e socioambientais.
Atualmente, desenvolve trabalhos terapêuticos ancestrais voltados para a cura e para o despertar do ser humano e da consciência ambiental. A Mata Atlântica como símbolo da resistência ancestral do povo Krenak é a fonte de inspiração e tema de sua obra, que utiliza a arte como uma forma de se conectar com suas raízes e a transmitir para as gerações futuras.
Patrocínio: Big Box, Neoenergia e Instituto Neoenergia, através da Lei de Incentivo à Cultura do Distrito Federal (LIC-DF)
Realização: A_Terrestre (www.aterrestre.com.br)
Apoio: Instituto Shirley Djukurnã Krenak e Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA)
Criação e performances: Shirley Krenak
Músicas e sons: Shirley Krenak e povo Krenak
Direção Artística: Caliane Oliveira
Roteiro: Caliane Oliveira e Shirley Krenak
Coordenação de Produção: A_Terrestre
Produção: Ninja Loka Produção
Logística/MG: Yakó Krenak
Direção de Cenografia: Marcelo Moita
Coordenação de Comunicação, Pesquisa e Conteúdo: Carolina Cunha
Design: Estevão Mendes
Imagens audiovisuais: Diego Rinaldi e Dani Azul
Edição e Pós-Produção Audiovisual: Rebeca Benchouchan e Caio Amaral
Narração: Shirley Krenak
Designer de som: Ianni Luna
Fotografias: Tepó Krenak, Dani Azul, Carolina Cunha e Diego Rinaldi
Gestão de Redes Sociais: Beatriz Parente e Déborah Minardi
Assessoria de Imprensa: Rodrigo Machado
Website: Jenny Choe e Érica Monteiro